Ser como os outros!
É interessante como após trinta anos ainda está enraizada na nossa mentalidade o hábito da cópia. É frustrante assistir ao ridículo a que nos expomos quando, de forma boçal, criticamos os nossos costumes e querendo adoptar costumes estrangeiros caímos no ridículo, tornando-nos uma espécie de Dâmasos Salcede provincianos de país periférico. Não é preciso recuar muito no tempo para contemplar bastantes despautérios contra a nossa cultura, com base no brilhante raciocínio: “isto está ultrapassado, só se fazia no tempo do fascismo*, não se vê no resto da Europa”.
Urge despertar o nosso espírito crítico, que embora um pouco mais desperto ainda continua letárgico. Tomemos atenção à tendência para a normalização, para o acriticismo, para a opinião baseada na autoritas do "opinador" e não nos argumentos, para a acomodação nas soluções presentes sem buscar soluções novas, e para a venda do património natural, cultural, histórico e dos ideais ao mercado, isto é mais perigoso do que a apreensão dos computadores do 24 horas.
*conceito que é utilizado com sentido duvidoso, porque: pese o Estado novo ter algumas caracteristicas do fascismo também tem de outras formas de governo bem como inovações (para uma descrição do regime do estado novo e uma comparação com os regimes totalitários cf. v.g. Paulo Otero, A democracia totalitária, apesar de demonstrar grande conservadorismo e nem sempre se conseguir concordar com ele, é um bom livro)