A culpa é do… não sei de quem mas minha não é
Já vai fazer alguns dias que quando fui comprar o jornal pensei se não seria um bom exercício de análise sociológica observar quais eram as publicações que os meus conterrâneos liam. Confesso que esta atitude não foi inocente pois queria reforçar uma opinião que tenho desde algum tempo. Ora as publicações que a maioria das pessoas pediu foram: a Lux, O jogo, A bola, O record e a Maria. Daqui permiti-me deduzir que dentro dos hábitos de leitura destas pessoas não passariam de certeza por clássicos da literatura ou da filosofia nem mesmo outra matéria cultural, já para não falar em Direito e matérias mais técnicas (porém na área do Direito toda a gente se acha bem informada, segundo as sondagens mais de 80% das pessoas sentem-se informadas. Os meios pelos quais se sentem informadas são: a televisão e jornais onde se pergunta se a sentença do caso de entre os Rios, julgada no tribunal da relação, é irrevogável, e se diz que passadas tres vezes após o tribunal constitucional decidir, em sede de fiscalização concreta, tres vezes pela inconstitucionalidade de uma norma terá de ser iniciado um processo de generalização e o tribunal irá sem dúvida declarar a inconstitucionalidade felizmente que 7% confiam mais livros técnicos sobre essa matéria, o que mesmo assim é um número baixo). Perante este cenário pensei que estas pessoas fossem estóicas e sentindo que as preocupações são uma forma de não encontrar a felicidade renunciam ao conhecimento como se fosse uma espécie de ataraxia, como relativista que sou pensei: não devo impor os meus valores, se alguém pensa que será mais feliz sem as preocupações que advêm da cultura que seja lá com ele.
Porém à porta do primeiro café ouvi um iluminado com a imprensa citada acima debaixo do braço a dizer: “eu não vejo mais debates para as presidenciais só falam em promulgar leis e essas coisas, que é que interessa isso? O que eu quero é saber que governação querem para o país.” Depois disto pensei que se calhar essas pessoas não filosofavam, apenas estavam dotadas de uma esperteza saloia que tem uma opinião fixa e certa. Não quero dizer aqui que todos os portugueses são assim pois isso será errado o que eu quero glosar é a esperteza saloia (antes sequer de criticar a imprensa pois na minha opinião é quem consome o produto informativo que aponta as matérias de que quer ser informado).
Quero com isto notar que o atraso do nosso país não é só culpa dos governos nem do “espartilho” do P.E.C nem tão só da falta de incentivos, mas da falta de iniciativa de cada um de nós para ser alguém que se supera todos os dias pelo seu aperfeiçoamento. Somos antes pessoas que na maior parte das vezes nos contentamos com prestações fracas “o que importa é o dez os outros são marrões dignos do nosso descrédito”, que depois criticam o poder politico pelo facto de os marrões terem uma quantidade inumerável de trabalho e eles estarem a trabalhar em sitos que requerem menores qualificações.